Das sensações

Lá vou eu (...)

fundir muralhas de concreto

esticar contra os homens

arame farpado

fazer um tipo de silvado 

mulher do régio olhar

menina dos silvedos

com poemas agudos

com versos trágicos

ou brinquedo

na ponta da poesia

fanal dos fanais

alfazemaste

minhas noites

de insônia

cuja causa não

é a Vânia

nem a Tânia

e nem a Sônia

menina dos silvedos

bem sabes que a causa

é o efeito sobre mim

dos teus mistérios

e segredos

mestra em aguentar

aguenta

aguenta esta água

nem tão benta

do rio santo

que arrebenta

menina dos silvedos

aguenta estes estúpidos

carros vermelhos

pra que tanto vermelho

se já derrama-se a violência (?)

aguenta estes raios

esta vida lamacenta

que embora mate a cevada

não é nada

comparado ao

homem sádico

sem faca em si

sem proscrição

da lei modorrenta

(que se ausenta)

menina dos silvedos aguenta

aguenta esta internet lenta

mas não largues as crinas

do poema, esqueças

as feridas para que

não latejem mais 

ó menina dos silvedos (!!!)

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