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quinta-feira, 25 de abril de 2024

A Flor do Saber

 



Tudo o que não vi,

 aquilo que não sei,

 que não vivi,

                          para minha desesperança,

   é como um oceano azul imenso e desconhecido,

que ri de onda em onda,

a debochar de minha    pequenez e clara ignorância.

Ainda assim, tento a cada instante, afogar-me no conhecimento infinito,

como se loucamente, meu âmago pudesse sorver o que a mim não fora concedido:

colher em imaginárias peneiras, o mistério que aos loucos enlouquece;

a certeza de que tudo é incerto.

Sim, eu devia ter contentado-me em olhar os frutos da terra, a acridade dos amores,

a delícia de ter amado, com sorte, a recíproca espontânea.

Mas quis mais do que a mim me bastava, amei mais do que precisava, desejei mais do que merecia.

 E quanto menos as flores se abriam na garganta de um moinho estranho,
mais flores eu colhia no campo, em busca de colher- te.
Mas tu não foste capaz de me amar como as flores vulgares,

talvez porque foste a pitonisa e visionária. 
Não sei. 
Dou testemunho de que nada sei desse amor 
que um dia partiu, e a mim me partiu.

E hoje ando só pelos campos ressequidos, 
em busca    da metade que me espera,
( essa metade desesperada).



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