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sábado, 28 de junho de 2025

A NOSSA VEZ

 

Os olhos valsam
entre canteiros abandonados
rezas antigas mesclam-se
às cores de um
sonho lúcido

uma ciranda
de imagens
e personagens
em festa no
quarto do crânio

resvala já a tua
fala nos meus dedos
que escolhem

encolhem
e se recolhem
quando podiam
muito bem
tocar em teus cabelos

vale um choro
de flores que sabem
que serão arrancadas
antes de seu apogeu

isto vale os cachos
de uvas esbranquiçadas pela calda bordalesa
quando as toco na vinha
só desejando na taça um vinho (...)
vale as maçãs que não vingam

quem rendida à turbulência
na paixão pela vida
contorna os esforços
de um touro em investida (?)

ah (!) que vale a vida
sem o amor que roreja
dos teus lábios
essa candura de uma
calma libertadora
nunca presa em relicários
que jamais anelou um panegírico

eu diria
Ó senhora das cores
das danças pagãs
dos loureiros e dessas drupas
ó herdeira dos pêssegos do jardim de Éden

ah (!)
já ressoa no meu 
calvário o doce
murmúrio do teu
cuidadoso chamamento

"vem (!)
vem colher comigo as amoras
onde as cachoeiras
são esparramadas pelo vento

vem(!) vem caçar de mentira as lebres
só para corrermos descalços 
na macia e verde grama

vem(!) 
vem cair comigo no 
pano que mal cabe tantas frutas
no lago onde nadam as carpas e trutas"

para que (?) 
não sejas tão boba alma que habita
em meu corpo
tudo isso é parte 
de nossa condigna felicidade

porque
ai meu bem(!)
como sofremos nós dois
nesta andada
onde escassas são as flores




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