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sexta-feira, 25 de julho de 2025

Clamores Abafados


Os meus pés escreveram
o pergaminho do caminho
as mesmas falhas
e os mesmos erros

eu só lamento não poder 
embrenhar-me
na noite dos teus cabelos

encanta-me o menor dos teus gestos
seduz-me a tua timidez
(ou página rasurada
que mancha a próxima folha virgem)


aquela que preencheria
o vácuo do meu peito
como o perfume
a ocupar o quarto

eu clamo
oh vida de linhas que se cruzam 
que se ferem
que se privam
que se matam

oh vida que
castra o que se quer
vida que promove
estados de solidão cruel

vida cheia de
imaturos alunos
que sequer aprendem
com seus atos incoerentes

eu clamo (:)
seria justo que desses
chance aos que querem 
conhecer a penumbra
azul do teu quarto nupcial
onde sol e lua 
fazem suas juras de amor

seria justo
(mesmo que por 
alguns instantes)
dar aos beijos
lábios
dar aos campos
as flores
e dar aos nossos corpos
o calor próprio dos corpos  

oh vida (:)
vai-te embora
com a sina
que não me diz respeito
já que vivo apaixonado

para que não brote
esta semente insana
do desespero
donde jazem os caóticos e os mortos
cujos quadris foram cingidos
e  os clamores abafados




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