Se você não segue o sistema, te chamam de "sistemático".

terça-feira, 1 de julho de 2025

Vácuo


Há algo muito errado (:)

dois mais dois

não resulta mais em quatro


A minha vida

não dá sinais vitais

Não há mais luz no meu caminho


Eu nem vejo aves nos lagos

e sequer consigo ouvir os pássaros cantando

ou pulando graciosamente de galho em galho


Minha inspiração

perde consistência

se algo não muda

nesta escuridão cega

escuridão profunda e

amordaçada


Não há semáforo na rua

não há flores

nuances

emoção

nem monstros no lago

não há nada (!)


Há algo muito errado (:)

dois mais dois

não resulta mais em  quatro




.


segunda-feira, 30 de junho de 2025

MEIOS E MENEIOS

 

A solidão leva as pessoas 
a engaiolar pássaros
e outros animais

creio que isso é multiplicar 
o sofrimento

é por isso
que eu crio
a calhandra da poesia

poesia é o contato
que eu tenho com
um amor
que mora nos
campos dos meus sonhos
poesia é a forma
sonora Dela

com efeito ela ensina
sem nada dizer

e as janelas dos olhos
estão fechadas para todos os homens
mas poder-se-iam
abrir caso ela encontrasse
o "amor verdadeiro"

o mundo(...) ah(!)
o mundo continuaria
a ser sórdido e injusto
contudo ela poderia cerzir
a fazenda puída
de meu coração

eu francamente
não sei
como ela
o faria

mas sei que 
um milagre em mim
(ó canto da calhandra
ó minha sonora utopia
ó primeva flor da primavera
ó efusivo raio de luz
ó formosura perfumada que seduz
ó ritmo que acalanta...) 
                                            você poderia fazer


.

sábado, 28 de junho de 2025

A NOSSA VEZ

 

Os olhos valsam
entre canteiros abandonados
rezas antigas mesclam-se
às cores de um
sonho lúcido

uma ciranda
de imagens
e personagens
em festa no
quarto do crânio

resvala já a tua
fala nos meus dedos
que escolhem

encolhem
e se recolhem
quando podiam
muito bem
tocar em teus cabelos

vale um choro
de flores que sabem
que serão arrancadas
antes de seu apogeu

isto vale os cachos
de uvas esbranquiçadas pela calda bordalesa
quando as toco na vinha
só desejando na taça um vinho (...)
vale as maçãs que não vingam

quem rendida à turbulência
na paixão pela vida
contorna os esforços
de um touro em investida (?)

ah (!) que vale a vida
sem o amor que roreja
dos teus lábios
essa candura de uma
calma libertadora
nunca presa em relicários
que jamais anelou um panegírico

eu diria
Ó senhora das cores
das danças pagãs
dos loureiros e dessas drupas
ó herdeira dos pêssegos do jardim de Éden

ah (!)
já ressoa no meu 
calvário o doce
murmúrio do teu
cuidadoso chamamento

"vem (!)
vem colher comigo as amoras
onde as cachoeiras
são esparramadas pelo vento

vem(!) vem caçar de mentira as lebres
só para corrermos descalços 
na macia e verde grama

vem(!) 
vem cair comigo no 
pano que mal cabe tantas frutas
no lago onde nadam as carpas e trutas"

para que (?) 
não sejas tão boba alma que habita
em meu corpo
tudo isso é parte 
de nossa condigna felicidade

porque
ai meu bem(!)
como sofremos nós dois
nesta andada
onde escassas são as flores




.

quarta-feira, 25 de junho de 2025

O SERMÃO DO VENTO

 

Se acreditas mesmo
que o mundo é bom...
eu por ti lamento.

A maturidade é o
leite do espinho
de flores vermelhas,
o fruto do sofrimento
neste mundo inóspito.

Se tudo neste vale de lágrimas,
nasce para crescer e fenecer,
o que esperas da vida,
além de intenso sofrer?

Na concepção letal,
viver à sombra da vinha
e da figueira,
é dormir entre as papoulas
da morte e da desgraça.

Um caçador de borboletas
está a te procurar,
alma irmã,
pois já se vive
uma revolução cósmica
onde não haverá rio que não  seque,
ou bosque que não  incendeie.

Já os raios sétuplos do
sol de Vulcano
tocam as nossas frontes.

O amor que tu procuras,
nunca foi de carne e ossos.
Tu procuravas
o princípio Crístico,
aquela rosa mais pura e serena,
que recebe já, a água
da fonte azul de aquárius.

Há sete sendas,
sete portais,
sete escolas que
levam ao Logos
Supremo.

São "escolas viveiros"
para rosas.

O céu do homem natural
tem uma data de validade;
a roda gira e tu renasces
num mundo cada vez pior.
Guerras, furacões e maremotos,
vulcões e terremotos...

Mas, há um caminho Áureo,
talvez dois...quisera fossem sete.

Um perfume distinto,
trouxe me a perplexidade
de saber, que Deus não
abandona aos filhos humildes
que vão atrás das respostas,
desvelam em troca da pele,
os mistérios, morrem
fiéis no abraço do
último dos hierofantes.

Então, deves ouvir o sermão do vento,
que é música, coro de anjos,
azul refrescante em meio ao
inferno deste mundo iníquo.

Já o albor
se aproxima,
embora tu não o vejas
por causa da ilusão
da cegueira e da revolução em si.

Então...Chega!
Chega de enfeitar a prisão,
rir para não chorar
entre corvos e abutres.

Nada aqui é
confiável,
tudo é cinzento
veneno , caveira em lago de soda, cálcio.

Quero que
tu escutes a trêmula
e distante
voz do teu
solitário coração.

Cristo é o
Sol nas trevas,
entretanto, não te deixes
ofuscar pela beleza
da Luz, mas sugiro que nesta
hora, tu olhes para o caminho
a ser trilhado que Ele mesmo clareou.


.

sábado, 21 de junho de 2025

Ladainha de Aleluia Apócrifa

 

Nascer do sol no Rio de Janeiro, com o Cristo Redentor envolto em neblina. CARL DE SOUZA / AFP AFP

Cristo é o Sol (Crisol)

que subiu o monte.

No alto da montanha,
aprendi que o ser humano
e as demais criaturas sofrem.

Aprendi que os pássaros 
quando cantam e voam,
estão alegres. 

No alto da montanha,
aprendi que a lua (quando cheia),
clareia todo o vale.

Aprendi também que, os riachos
quando descem as encostas,
aumentam o seu volume.

Aprendi que quando a luz clareia as trevas, 
a história se repete.

No topo da montanha, 
os gafanhotos saltam. 
Os gafanhotos um dia morrem,
e as flores também.
(até as sempre-vivas)!
 
Quando eu caminho sobre a areia quente,
os pés descalços sofrem e,
quando eu piso nas folhas secas,
elas estalam e se quebram.

Alguns poetas gostam da montanha.
 Eles gostam de olhar a Lua e o Sol
principalmente quando estes estão pertos da montanha.

Eu gosto dos poetas que gostam da montanha,
Eu faço parte da montanha e os poetas gostam de mim.
Além disso, na alegria e na tristeza, eu sou um poeta
quando subo ao monte com Cristo.

Sozinho, eu vejo a Lua e a Terra
lá do alto da montanha.

Eu gosto da Lua; eu gosto da Terra. 
A Terra é um planeta.
Poeticamente, a Lua gosta da Terra.
Vênus também é um planeta.
Assim como a Terra, Vênus também
gosta do Sol. 

Vênus é chamada: estrela Dalva,
e, como eu disse, Vênus também é planeta.
 
Estrela é o Sol, que tem muitos amigos planetas.
É o Sol quem tinge a montanha de dourado. Cristo é o Sol. E como Vênus, Cristo também é a estrela da manhã.

A Terra é formada por toda a sua massa.
Poetas e homens fazem parte desta massa.
Logo, os homens e os poetas são a Terra. 

Os poetas são homens,
entretanto, nem todos os homens são poetas.
Os homens matam a poesia,
destroem a Terra e crucificam a Cristo.

Os poetas também morrerão,
ainda que se separem dos homens e
se refugiem comigo na montanha,
porque a montanha é parte da Terra, e todos os homens morrem.

Os poetas tentam fazer com que os homens subam a montanha, gostem da Terra, do Sol e da Lua.
Mas só os poetas parecem ouvir os poetas.

Todos dizem amar a Cristo,
mas ninguém olha para o Sol. (Só Maria).
Só o Sol olha para a Mãe Terra, como um falcão.

Só o Sol morre
todas as tardes no cruzeiro do sul.
Só o sol ressuscita ao amanhecer. 
(Aleluia)!

 Muitos homens e poetas morrem ao entardecer, mas só 
Cristo renasce e só Maria se compadece.
Entretanto, homens e poetas também podem renascer.

"Sírius" é a estrela do oriente,
os magos são três e são reis, 
as estrelas são três,
Maria só é uma. 
Rei é Cristo, Cristo está em nós.

A trindade é três no Divino Pai Eterno a coroar Maria.
Nós e Cristo somos um. Cristo é Uno com Deus,
 logo, (com a graça do Espírito Santo e o Amor de Maria) somos filhos de Deus.

Aprendi que Deus é imortal e nós somos mortais.
Então não somos Deus. 
(Mas, Cristo é Deus) 

As constelações...Ah! As constelações são doze.
 Cristo embora Deus, também morreu abandonado por seus doze discípulos, então somos imortais como Cristo
 (que venceu a morte). 

No alto da montanha, aprendi 
que Cristo é a Luz que ilumina a Terra,
 a Lua, os homens, bem como aos poetas. 

O Sol sempre volta quando morre a estrela da manhã.
Isso é poético, portanto:
 ouça o poeta; eleve seu coração no alto da montanha,
 veja a Lua
 sinta três vezes a beleza!

                             Cristo voltará.
                          (amanhã de manhã,
                           no alto na montanha).


.


terça-feira, 29 de abril de 2025

Do Querer



(...) mas
é assim que o poeta suporta a solidão (:)
escre-vendo as coisas (!)

"Calo" na ponta do dedo
muita vez de "falar"
Calo-me (!) (pouco escrevo)
Põe os desejos na gaiola (...)
ou os dissolve em Coca-Cola

Tem gente que quer o corpo
Tem gente que quer a alma
Eu quero o colibri do espírito
a voejar sobre a minha cabeça
mas (...) agarrá-lo não me atrevo


.

da humildade



Eu notei que

as pessoas humildes sem dinheiro,

nunca respeitam as pessoas humildes

(com ou sem dinheiro).  

No entanto, as primeiras se apressam em puxar o saco

(do latim bajulare) 

pessoas não-humildes

(tendo essas dinheiro, ou apenas se fazendo passar por ricas)

(ao contrário do rico humilde

que não importa em parecer-se pobre).

Concluí que:

as pessoas humildes , sejam ricas, sejam pobres, são sábias;

que as pessoas não-humildes, (pobres ou ricas) são tolas

e que as pessoas pobres bajuladoras dos  ricos

(ou dos falsos ricos)

não são verdadeiramente humildes, 

mas sim ingênuas, (para não dizer, tolas). 




.

domingo, 27 de abril de 2025

Festim

 


Na visão da catástrofe
que marcha de galochas
penso nas regiões tão belas
carunchadas pela nódoa ácida
do próprio homem
miscigenado

assim és tu Brasil
cujo solo vibra
nas sementes
cuja água rola
das encostas
alisando as três rochas do chão
arredondando os seixos

há tantos versos
que confundem amores
mas não há tantos amores
contidos no verso confuso
(d'olhar poético)

na transparência
dessas olivinas
tão quebradiças
vejo o luto
o gabro vestindo
os montes

vejo como a 
vidente vê no cristal
o fluxo do rio
sob as "Pontes de Madison"
e em dezembro
prevê o natal
com o beijo incontido 
da traição

até as intempéries daqui
fazem lembrar
nosso rito de amor

um encontro de energias
opostas que explodem
sobre os campos molhados
iluminando os canaviais

quisera esses titãs
houvessem afugentado
de vez os caçadores
de ouro e paus do Brasil
os plantadores de café
(os coringas de brasões e chapéus)
aí sim teria lógica
promover o carnaval


.